domingo, 12 de maio de 2013

Sobre a banalização do mal


Será que palavras ofensivas, deboches e condutas que oprimem a ideologia alheia podem ser consideradas liberdade de expressão? Qual seria o limite entre liberdade de expressão e discurso de ódio?
Oprimir o sujeito em seu direito de opinião só mostra que a morte da ditadura é uma ilusão; que o atual contexto em que vivemos, onde uma pessoa ou grupo de pessoas é ridicularizado por suas convicções, nos coloca diante da violência no seu mais sofisticado disfarce: a intelectualidade.

Infelizmente esse termo foi contaminado. O intelectual deveria ser a pessoa que usa o intelecto (inteligência, raciocínio) para refletir, discernir e usar essa capacidade para coisas relevantes na sociedade, a intelectualidade deveria estar a serviço do bem social. Mas o que vemos hoje é um bando de moleques (independente da idade), moleques sim, porque não amadureceram; lêem meia dúzia de livros e “se acham”.
Alguns se acham homens só porque possui carteira de habilitação, outros se acham maduros só porque tem filhos com mais de 1,60 m de altura. Na verdade não passam de inquisidores modernos, sempre a procura da vírgula que justifique a fogueira. Cheios de falácias e sofismas, doutrinados a queimar qualquer um que se oponha aos seus argumentos.

A fogueira moderna tem várias facetas; ora vem em forma de escárnio, ora em forma de atitude revolucionária.
O fulano veste o uniforme de indignado usando palavras politizadas, se achando no direito de praticar a violência intelectual, no melhor estilo: “eu entendo do assunto”.

Como disse uma amiga essa semana, algumas ofensas parecem pequenas, aparecem em forma de brincadeiras e por vezes passam despercebidas. Se deixarmos essas posturas livres e soltas estaremos regando a banalização do mal.
Aí o sujeito fala: era só brincadeira, sem maldade! E quando nos damos conta, estamos amordaçados, seqüestrados em nossa subjetividade, roubados em nosso direito de ser e estar no mundo.

Não, meu caro, você não pode zombar dos outros.
Não. Você não pode sair por aí ofendendo daquilo que discorda.
Não. Você não pode oprimir os outros com sua “intelectualidade”.

A menos que você queira conscientemente contribuir para o mal e sua crescente banalização. 

“Tempo, quero viver mais duzentos anos. Quero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferir. Vamos precisar de todo mundo prá banir do mundo a opressão. Para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor.” (Beto Guedes)